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Violência sexual (e selvagem)

Os casos de estupro no reino animal

É comum ouvir que estupro é um comportamento exclusivamente de machos humanos e dominadores. No entanto, dezenas de relatos de biólogos e etólogos (que estudam o comportamento dos animais) mostram que a natureza não é tão bonita como se imagina. Algumas circunstâncias que cercam o sexo forçado entre animais são muito parecidas com o estupro humano - e fazem os animais se aproximarem bastante das teorias de Palmer e Thornhill. São machos que cortejam fêmeas de modo tradicional, mas apelam para a força quando elas resistem; machos que já têm parceiras, mas violentam outras para aumentar seu repertório; estupro da parceira quando há suspeita de infidelidade e machos desprezados ou em desvantagem competitiva com outros. Registros de machos forçando a cópula são registrados em elefantes-marinhos, patos, peixes e até mesmo insetos. Entre os patos da espécie Anas platyrhynchos o ato é tão agressivo que as fêmeas quase se afogam. Bandos de machos tendem a atacá-las fora do período fértil. Quando estão por perto, parceiros tentam defender suas companheiras. Se não conseguem, estupram-nas também quando os outros vão embora para se manterem na competição.

Observadores de orangotangos nas florestas africanas registram que a prática é extremamente comum e normalmente protagonizada por adultos que não cresceram o suficiente e ficaram com aspecto de adolescentes. Como são preteridos pelas fêmeas, recorrem ao estupro. As cenas são bastante agressivas. As fêmeas demonstram medo, gritam, tentam fugir, mordem, golpeiam e puxam os pêlos dos machos, mas quase nunca conseguem se livrar do ataque.

http://super.abril.com.br/ciencia/estupro


Pesquisadores observam fenômeno de violência sexual entre animais

[...] As focas normalmente caçam os pinguins e os comem. Mas esta estava se debatendo com a ave, perseguindo-a, enquanto ela tentava repetidamente fugir.

Perplexo no início, Scott, pesquisador da fauna selvagem, percebeu que a foca "estava tentando cortejar o pinguim como ele se fosse uma foca fêmea".

Ao perceber que isso não funcionou, a foca "destroçou o pássaro e o comeu", lembrou Scott.

Por mais perturbadora que a cena possa parecer, não é a primeira vez que alguém toma conhecimento desse comportamento de acasalamento de caráter rebelde. Um episódio anterior de violência sexual praticada pelas focas contra os pinguins, também ocorrido na Ilha de Marion, foi relatado em 2008 por Nico de Bruyn e seus colegas da Universidade de Pretória, na África do Sul, onde Scott faz pós-graduação. [...]

O fenômeno é chamado de acasalamento equivocado e se estende a outros mamíferos marinhos. Especialistas em fauna selvagem dizem que os leões marinhos e as lontras marinhas foram ocasionalmente vistos forçando outros tipos de focas a acasalar e matando-as.

De fato, alguns pesquisadores dizem que o acasalamento equivocado não é anormal.

[...] E Axel Hochkirch, biólogo evolucionista da Universidade de Trier, na Alemanha, chamou o comportamento de "simplesmente um equívoco", e acrescentou: "a natureza não é perfeita".

Tal acasalamento tampouco se limita a mamíferos marinhos. Insetos, aranhas, minhocas, sapos, pássaros e peixes também o praticam, disse Hochkirch. [...]

Ambos os incidentes aconteceram perto do final da estação de acasalamento de focas – um momento em que os machos experimentam "enormes picos de testosterona", mas em que as oportunidades de acasalamento são monopolizadas por poucos machos dominantes, deixando os demais machos sem alternativa para expressar a sua agitação sexual. [...]

Outro exemplo vem da Baía de Monterrey, onde os meios de comunicação locais fazem uma cobertura ampla de filhotes de lontras marinhas encalhados na Califórnia, reabilitados pelo Aquário da Baía de Monterrey. Um dos acolhidos por tal programa ficou com uma reputação infame: Morgan, que foi resgatado como filhote em 1995, liberado e depois recapturado em 2001, após ter sido flagrado forçando outros filhotes de foca que estavam no porto do Pacífico a acasalar. Cinco dos filhotes não sobreviveram.

Observadores documentaram 19 casos de ataques a focas que estavam no porto, cometidos por Morgan ou pelo menos outras duas lontras marinhas machos, principalmente na área de Elkhorn Slough, a 48 quilômetros ao sul de Santa Cruz. Os agressores "assediaram, arrastaram, vigiaram e copularam com as focas" por até uma semana depois de os filhotes serem mortos, de acordo com uma análise publicada em 2010.

Esse estudo, realizado na Comissão de Caça e Pesca da Califórnia, em Santa Cruz, foi conduzido por Harris, a veterinária de lontras marinhas, que então era assistente de pesquisa; Melissa Miller, patologista veterinária, e Stori Oates, bióloga dos Laboratórios Marinhos de Moss Landing. Suas autópsias de cadáveres de focas revelaram marcas de mordidas e lacerações no nariz e na face, além de lesões compatíveis com traumas sexuais. [...]

[...] o abuso de focas é um reflexo da violência sexual típica entre as lontras marinhas.

"Todo mundo acha que eles são bonitinhos e fofinhos", disse Mark P. Cotter, biólogo da Okeanis, uma organização de pesquisa marinha sem fins lucrativos em Moss Landing. Mas quando as lontras acasalam, continuou ele, o macho morde a fêmea no rosto para que ela não se distancie. As lontras marinhas fêmeas muitas vezes morrem de traumas decorrentes do acasalamento.

Outra espécie sexualmente agressiva é o golfinho. Nas Bahamas, os golfinhos são rotineiramente vistos coagindo sexualmente golfinhos pintados menores, disse Mann.

E na Costa Oeste, de 2007 a 2010, a Rede de Mamíferos Marinhos da Califórnia recuperou e fez autópsias de 50 botos mortos que foram aparentemente atacados por golfinhos, disse Frances Gulland, do Centro de Mamíferos Marinhos de Sausalito. Em um dos três episódios de agressão a botos ocorridos na Baía de Monterrey que eles filmaram, Cotter e seus colegas viram um cardume de golfinhos machos agredindo um boto macho até a morte.

Os "botocídios", como Cotter e seus colegas os chamaram em um artigo no ano passado, são um mistério: eles não conferem qualquer vantagem clara para os golfinhos, que raramente competem com botos pela mesma presa na costa da Califórnia.

Mas, por conta das agressões observadas terem sido perpetradas por jovens machos "que não ocupam uma posição muito elevada no meio social", disse Cotter, os altos níveis de testosterona alcançados durante a época de reprodução pode ter dado vazão à violência.

Ele e outros especialistas alertam contra julgar os agressores animais pelos padrões humanos.

"Na natureza, não existe nada realmente certo ou errado", disse ele.

Mas, inversamente, disse Mann, de Georgetown, o simples fato de que os conflitos sexuais são "naturais" na fauna selvagem não implica que eles sejam "morais ou justificáveis ou qualquer outra coisa que tenha a ver com a cultura humana".

Alguns biólogos, temendo que a violência sexual animal seja mal interpretada, são cautelosos ao discutir o assunto. Os cientistas da fauna selvagem geralmente trabalham para proteger as espécies, disse Mann, e "eles não querem comprometer isso por meio de histórias sensacionalistas sobre os animais".

De fato, alguns cientistas se recusaram a conceder entrevistas, em parte por conta da preocupação com a possibilidade de que os animais que se envolvem em casos de acasalamento equivocado sejam erroneamente percebidos como aberrações sexuais. [...]

http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-12-16/pesquisadores-observam-fenomeno-de-violencia-sexual-entre-animais.html


Sites[]

http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/o-lado-cruel-de-animais-adoraveis-10615110

http://super.abril.com.br/ciencia/estupro

http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-12-16/pesquisadores-observam-fenomeno-de-violencia-sexual-entre-animais.html

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