O chamado Grupo Autêntico do MDB foi constituído por parlamentares eleitos na legislatura de 1970, desempenhando papel decisivo para a derrubada da ditadura militar implantada no Brasil em 1964. O grupo Autêntico [...] tem uma característica fundamental: são vinte e três parlamentares que subscreveram o discurso DEVOLUCÃO DO VOTO AO POVO BRASILEIRO que repugnava a atitude de Ulysses Guimarães ao assumir a candidatura oficial, em traição ao pacto da anticandidatura. Foram os únicos parlamentares que mantiveram seu voto de protesto quando da eleição do General Geisel, pelo colégio eleitoral - o embuste politico.
http://chutandoalata.blogspot.com.br/2013/06/alencar-furtado-em-depoimento-sobre-o.html
Os 23 parlamentares a assinarem a declaração se tinham elegido, em 1970, por treze estados diferentes e um território.
São eles:
- Alencar Furtado (1º mandato – PR);
- Álvaro Lins (5º mandato – CE);
- Amaury Müller (1º mandato – RS);
- Eloy Lenzi (1º mandato – RS);
- Fernando Cunha (1º mandato – GO);
- Fernando Lyra (1º mandato – PE);
- Francisco Amaral (2º mandato – SP);
- Francisco Pinto (1º mandato – BA);
- Freitas Diniz (2º mandato – MA);
- Freitas Nobre (1º mandato – SP);
- Getúlio Dias (1º mandato – RS);
- Jaison Barreto (1º mandato – SC);
- Jerônimo Santana (1º mandato – RO);
- JG de Araújo Jorge (1º mandato – GB);
- João Borges (2º mandato – BA);
- Lysâneas Maciel (1º mandato – GB);
- Marcondes Gadelha (1º mandato – PB);
- Marcos Freire (1º mandato – PE);
- Nadyr Rossetti (2º mandato – RS);
- Paes de Andrade (3º mandato – CE);
- Severo Eulálio (1º mandato – PI);
- Santilli Sobrinho (2º mandato – SP);
- Walter Silva (1º mandato – RJ)
Outros possíveis:
- Márcio Santilli, eleito em 1983
Manifesto:
DEVOLUÇÃO DO VOTO AO POVO BRASILEIRO
“Devolvemos nossos votos ao grande ausente: o povo brasileiro, cuja vontade, afastada do processo, deveria ser fonte de todo o poder.
Recusando participar com o nosso voto desta eleição, não temos a preocupação de ato heroico.
Sabemos que a história é, principalmente, a crônica dos gestos de resistência daqueles que souberam afirmar-se através do tempo, mesmo porque ela não se faz de concessões e capitulações.
Assim, a nação não esquece os contestadores de todas as épocas: os heróis da Inconfidência Mineira; os construtores da Independência; os defensores da Abolição; os artífices da República; os tenentes de 22 e 24; os revolucionários de 30; os constitucionalistas de 32; os mineiros de 43; os legalistas de 45; os anti-AI-5 de 68.
Fiéis ao programa partidário que condena a eleição indireta, admitimos a candidatura própria tão somente com o objetivo de alargar a precária faixa de comunicação, tentando, assim, reatar o diálogo com o povo brasileiro.
Em nenhum momento compreenderíamos que o anticandidato e o contestante se convertessem em candidatos.
Procuramos exercer o nosso mandato coerentes com as tradições democráticas do povo brasileiro, e cada dia mais comprometidos com os grandes temas nacionais que são a fundamentação de uma grande e ampla luta de homens de todas as crenças e latitudes.
E assim nos reencontramos com a nossa própria consciência, quando reclamamos o restabelecimento das garantias democráticas e a prevalência dos princípios universais consagrados na Carta dos Direitos Humanos que o mundo subscreveu, juntamente com o Brasil, logo após a 2ª Grande Guerra, quando os povos se definiram no campo de batalha contra o nazifascismo, erguendo aos céus as esperanças de um mundo melhor e mais fraterno.
Igualmente nos reencontramos conosco mesmo, quando fizemos nossas as angústias da massa trabalhadora do país, sufocada pela alta não confessada do custo de vida e pelo garroteamento da liberdade e da autonomia sindicais.
Também nos reencontramos com os estudantes na sua justa revolta contra o 477, ou com a Justiça quando defendemos a intangibilidade das decisões judiciais, ou, ainda, quando, ao lado do empresariado nacional, denunciamos a desnacionalização progressiva de nossa economia.
Não nos contentaríamos, hoje, quando este privilegiado colégio de eleitores se reúne, em apenas renovar essas posições e reproduzir nossas angústias.
Por isso é que o gesto de nossa recusa ao voto homologatório deste colégio se constitui na expressão de inconformidade dos que não votam, dos que não escolhem, dos que não decidem e até dos que não podem falar.
É possível que as interpretações ligeiras e a análise condicionada de nossa posição às contingências do momento em que vivemos não sejam capazes de mostrar o amplo ângulo de perspectiva de nossa atitude, assumida perante a nação e a História, mas os homens públicos não se engrandecem pela soma aritmética de suas presenças, e sim pela capacidade de refletir as angústias e as esperanças do povo, em cada época.
O Brasil de hoje que vive no silêncio das fábricas, dos escritórios, dos campos, das escolas, das igrejas, nos compreenderá e a pátria de amanhã poderá fazer justiça aos poucos que assumiram o risco de juntar à voz do seu protesto o gesto de sua inconformidade.”
Citações[]
O Grupo Autêntico do MDB, que já vinha amadurecendo a idéia no início de 70, resolveu lançar Ulysses como anticandidato na passagem do governo Garrastazu Médici para Ernesto Geisel. Em companhia de Barbosa Lima Sobrinho, o vice, Ulysses percorre as capitais do País com a pregação das idéias oposicionistas. Ganha espaço na mídia interna e alcança grande repercussão no exterior, o que mais irrita os militares. A semente estava lançada, mas Ulysses foi além do combinando com os autênticos. A idéia era que renunciasse no dia da eleição. Ele resolveu ir até o fim, o que deu legitimidade ao Colégio Eleitoral e à eleição do general Ernesto Geisel.
Apesar do clima de chumbo da época – que obrigou Ulysses a enfrentar literalmente os cachorros da polícia baiana do governador Roberto Santos em visita a Salvador – os autênticos tinham lá o seu humor. Como o adversário era um militar, ou os militares, resolveram montar também a sua hierarquia de caserna. No grupo cada um tinha uma patente: Fernando Lyra era o “cabo Lyra”, Alceu Collares o “sargento”, Alencar Furtado o “coronel”, Marcos Freire o “almirante”, Chico Pinto o “marechal”. Nem todos gostavam dessa brincadeira, mas era o “nosso exército”, lembra Chico Pinto.
Fonte: http://pmdb.org.br/institucional/historia/
Wikipédia[]
Outros sites[]
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/download/2252/1391
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI2195786-EI6578,00.html
http://chutandoalata.blogspot.com.br/2013/06/alencar-furtado-em-depoimento-sobre-o.html
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc14069820.htm
Notícias[]
Referências[]
NADER, Ana Beatriz. Autênticos do MDB, semeadores da democracia: história oral de vida política. Paz e terra.
Notas[]
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